Scolopendra - Lacraia
Classificação
Nome Popular: Lacraia, Centopeia, Centopeia gigante, Centopeia chinesa, Escolopendra.
Nome Científico: Scolopendra spp, Scolopendra viridicornis, Scolopendra subspinipes, Scolopendra angulata, Scolopendra gigantea, Otostigmus scabricauda, Cryptops iheringi, entre outros.
Ordem: Scolopendromorpha
Família: Scolopendridae / Criptopidae
Gênero: Scolopendra / Ostostigmus / Cryptops
Lacraia ou Centopeia
Descrição
Animais invertebrados pertencentes à Classe Chilopoda que apresentam corpo achatado e alongado, dividido em cabeça e numerosos segmentos queratinizados (de 15 a mais de 170). Exibem um par de patas por segmento do corpo (no último segmento os apêndices são chamados "patas anais", mas não servem para locomoção, e sim para defesa), diferenciando-os dos diplópodes (que possuem 2 pares de patas por segmento). Na cabeça da lacraia há 1 par de antenas articuladas, 2 pares de maxilas, 1 par de forcípulas (onde estão as glândulas de peçonha) e um conjunto de olhos simples (ocelos laterais) que ajudam na diferenciação dos gêneros da Familia Scolopendridae.
As centopeias geralmente tem coloração marrom, mas podem apresentar uma ampla variedade de cores, incluindo tonalidades claras de vermelho, preto, amarelo e verde ou até mesmo faixas azuis transversais em seu dorso. São animais terrestres, de hábitos noturnos, solitários e predadores, passando a maior parte do dia escondidos sob entulhos úmidos, rochas, folhas e cascas de árvores, sendo ocasionalmente encontrados dentro das casas. Carnívoros, alimentam-se basicamente de larvas de besouros, minhocas, vermes, entre outros animais que são capturados vivos, imobilizados e inoculados com peçonha.
Existem no Brasil cerca de dez espécies com importância médica, são as principais: Scolopendra viridicornis, S. subspinipes, Otostigmus scabricauda, Cryptops iheringi e Octocryptops ferrugineus. Podem ser encontrados em regiões de climas temperados, tropicais e subtropicais em todo o mundo.
Ações do Veneno
O veneno das lacraias é pouco estudado, mas foi constatado que em algumas espécies o veneno contém proteínas, lipídios, lipoproteínas, histamina, hialuronidase, polipeptídeos e proteinases. Atua como uma neurotoxina, principalmente em centros bulbares.
Em estudos com animais, foram observados os seguintes sintomas após inoculação do veneno: sudorese abundante, flacidez muscular, dispneia, vômitos, convulsões, tetania e óbito por insuficiência respiratória. Os mesmo estudos demonstraram a não caracterização desta ação do veneno em humanos.
Logo, sugere-se que o veneno apresenta alta toxicidade para pequenos animais mas a intoxicação em humanos apresenta, em geral, apenas manifestações brandas.
Manifestações Clínicas
Manifestações Locais: As manifestações locais são as mais frequentes, bastante proeminentes e imediatas.
Dor intensa que pode durar mais de 24 horas, edema discreto, hiperemia , parestesia, ponto hemorrágico no local da picada, necrose local. O contato do venenos com os olhos provoca irritação conjuntival.
Manifestações Sistêmicas: As manifestações clínicas sistêmicas são mais raras e incluem mal estar, náuseas/vômitos, cefaleia, sudorese. Menos frequentemente pode ocorrer febre, linfangite, linfadenopatia, calafrios, dispneia e arritmias.
Complicações:
- Infecção secundária;
- Reações alérgicas / Anafilaxia;
Diagnóstico
Não há exames laboratoriais específicos para o diagnóstico do acidente com Scolopendra spp.
O diagnóstico é clínico e através da identificação do animal.
Tratamento
Lavar o local da picada com água e sabão.
Se contato ocular: descontaminação com irrigação ocular abundante.
O tratamento consiste principalmente na aplicação de procedimentos terapêuticos para alívio da dor como compressas frias, analgésicos administrado por via oral ou sistêmica, infiltração anestésica local (lidocaína 2% sem vasoconstritor).
Anti histamínico se necessário.
Corticoide (oral ou tópico) se necessário.
Profilaxia para tétano, conforme necessidade.
Prognóstico
O prognóstico, na maioria dos casos, é muito bom, pois os acidentes costumam evoluir apenas com manifestações brandas.
Os sintomas locais podem persistir por mais de 24 horas.
Referências
BUCHERL, W. Ação do Veneno dos Escolopendromorfos do Brasil Sobre Alguns Animais de Laboratório. Memórias do Instituto Butantã. Tomo XIX, p. 181-198, 1946.
https://www.toxbase.org/poisons-index-a-z/s-products/scolopendra-subspinipes/ Acesso em 12/09/2017
KNYSAK, Irene; MARTINS, Rosana and BERTIM, Carlos R..Epidemiological aspects of centipede (Scolopendromorphae: Chilopoda) bites registered in Greater S. Paulo, SP, Brazil. Rev. Saúde Pública [online]. 1998, vol.32, n.6, pp.514-518. ISSN 1518-8787. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89101998000600003.
LOGAN, J.L, Ogden, D.A. Rhabdomyolysis and Acute Renal Failure Following the Bite of the Giant Desert Centipede Scolopendra heros. Western Journal of Medicine 142: 549-550, 1985 Lacraia. Auxílio ao Atendimento. Monografias CIT/SC, 2001.
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Elaboração: Equipe CIT/SC
Atualizado em: Setembro 2017.
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