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Desferroxamina - antídoto

Sinônimos

  • Deferoxamina; Desferrioxamina; mesilato de desferroxamina (Deferoxamine).

Nome Comercial

  • Desferal® (Novartis) e mesilato de desferroxamina (Genérico – Cristália).

Indicação Terapêutica como Antídoto

a. Tratamento de intoxicações agudas pelo ferro quando a concentração sérica do ferro é superior a 450 a 500 microgramas por decilitro (5 mg/L ou 90 micromol/L) ou quando existem sinais clínicos de intoxicação significativa por ferro (p. ex., coma, choque hipovolêmico, acidose, gastroenterite grave, hematêmese, sangramento retal ou visualização de vários comprimidos radiopacos no trato gastrointestinal na radiografia);

b. Também tem sido usado no tratamento da toxicidade pelo alumínio em pacientes com insuficiência renal.

Apresentação e Via de Administração

  • Pó liofilizado (2g) para solução injetável de 500mg (embalagem com frascos-ampola + ampolas de diluente 5ml).
  • Vias de administração: Parenteral (endovenosa, intramuscular e subcutânea).

Dose, Administração e Duração do Tratamento

a. A administração endovenosa é preferível em todos os casos. A infusão é iniciada lentamente a 15mg/kg/h, devendo-se evitar infusões maiores que 15mg/kg/h, o que correlaciona-se com uma ligação a 1,3mg/kg/h de ferro. Há casos em que já foram usadas doses de até 40 a 50mg/kg/h em pacientes adultos e 35mg/kg/h em crianças com intoxicação maciça pelo ferro.

b. A dose diária máxima acumulada geralmente não deverá exceder 6g, embora existam casos em que doses diárias de até 16g foram toleradas.

c. Administração oral não é recomendada. A administração pelas vias intramuscular e subcutânea é reservada para tratamento de acúmulo de ferro crônico.

d. Para casos moderados, a infusão deve durar 12 horas e em casos graves, 24 horas. Deve ser feito desmame da desferroxamina assim que o paciente atingir melhora clínica, e se com o desmame retornar a piorar clinicamente, a infusão deve ser reiniciada.

e. Objetivos finais da terapia incluem:

:*Resolução dos sinais clínicos de intoxicação;

:*Nível sérico de ferro inferior a 350 microgramas por decilitro;

:*Ausência de coloração de vinho rose na urina.

Mecanismo de Ação

É um agente quelante específico do ferro. O mecanismo de ação envolve sua ligação ao ferro livre e, em algumas circunstâncias, ao ferro fracamente ligado (p. ex, na ferritina ou hemossiderina). O ferro ligado à hemoglobina, à transferrina, às enzimas citocromos e a todos os outros sítios não é afetado. É formado um complexo vermelho ferro-deferoxamina (ferrioxamina) que é hidrossolúvel e excretado por via renal e biliar. Este complexo pode conferir a urina uma coloração róseo-alaranjada (vinho rosê). Cem miligramas de desferroxamina são capazes de se ligar a 8,5mg a 9,5mg de ferro elementar e a 4,1mg de alumínio in vitro. A desferroxamina e os complexos ferrioxamina e aluminioxamina são dialisáveis. A literatura científica apóia o uso do fármaco, porém faltam evidências clínicas de sua eficácia e segurança.

Precauções e Contraindicações

a. Não há contra-indicação absoluta no caso de intoxicação grave por ferro.

b. Deve ser usado com cautela em pacientes que possuam sensibilidade conhecida a desferroxamina e em pacientes com insuficiência renal/anúria que estejam necessitando de hemodiálise.

Reações Adversas

a. Hipotensão/choque ou reação anafilactóide pode ocorrer devido a infusão endovenosa muito rápida, o que pode ser evitado limitando-se a taxa de administração a 15mg/kg/h. O mecanismo de ação da hipotensão ainda é pouco compreendido, podendo ter relação com liberação histamínica;

b. Dor local, induração e formação de abscesso estéril podem ocorrer nos locais de administração IM. Doses maciças IM também podem causar hipotensão;

c. O complexo ferrioxamina pode causar hipotensão e pode se acumular em pacientes com disfunção renal, pode haver necessidade de hemodiálise para remover o complexo ferrioxamina;

d. A desferroxamina, que é um sideróforo, promove crescimento de certas bactérias, como a Yersinia enterocolitica, podendo predispor os pacientes a sepse por Yersinia. Outros microorganismos comuns: Zigomicetos e Aeromonas hydrophilia.

e. Infusões por mais de 24h têm sido associadas a complicações pulmonares (síndrome do desconforto respiratório respiratório agudo), o mecanismo envolvido parecer ser de reação de hipersensibilidade;

f. Trombocitopenia, taquicardia, tinitus e perda auditiva, perda visual e dano na retina são aparentemente raros.

Uso na Gravidez

a. Categoria C;

b. Em várias espécies animais a desferroxamina produz toxicidade e teratogenicidade. Em humanos o número de estudos publicados é limitado, porém em nenhum deles foi demonstrado toxicidade ou teratogenicidade durante tratamentos curtos, por outro lado, o não tratamento de intoxicações agudas graves pode acarretar morbidade e mortalidade a mãe ou ao feto;

c. Não há estudos descrevendo uso durante a lactação. O peso molecular é baixo suficiente para haver alguma excreção no leite materno, mas os efeitos na criança, se existirem, são desconhecidos.

Informações Complementares

a. Pacientes em uso de desferroxamina para tratamento de intoxicações agudas por ferro devem ter seus sinais vitais checados com freqüência. Além disso, deve-se dosar função renal e eletrólitos, assim como calcular débito urinário;

b. Também utilizado como tratamento monoterápico na quelação de acúmulo crônico de ferro (hemossiderose transfusional, anemia sideroblástica, anemia hemolítica auto-imune e outras anemias crônicas, hemocromatose idiopática) ou em pacientes com porfiria cutânea.

c. Tem sido utilizado também em pacientes com artrite reumatóide devido a possível efeito anti-inflamatório;

d. Pode ser usado para complementar diagnóstico de acúmulo de ferro e alumínio.

e. A desferroxamina pode interferir nas avaliações laboratoriais do ferro sérico (falsamente baixas) e da capacidade de ligação ao ferro total (falsamente alta) e pode quelar e remover o alumínio do corpo.

Quantidade mínima para tratar um paciente adulto de 70kg, grave, nas primeiras 24h

12 ampolas de 500mg (6g).

Disponibilidade do medicamento em Santa Catarina

Pela portaria dos antídotos deve estar disponível em 17 pontos estratégicos de atenção, Hospitais de referência (adulto e infantil) macrorregionais. Na prática estão disponíveis nos seguintes locais:

Grande Florianópolis: Hosp. Universitário e Hosp. Infantil Joana de Gusmão; Sul: Hosp. N. Senhora da Conceição (Tubarão) e Hosp. Santa Catarina (Criciúma); Vale do Itajaí: Hosp. Santo Antônio (Blumenau) e Hosp. Reg. do Alto Vale (Rio do Sul); Foz do Rio Itajaí: Hosp. Marieta K. Bornhausen (Itajaí); Nordeste: Hosp. Mun. São José e Hosp. Regional Hans Dieter Schmidt (Joinville); Serra: Hosp. Tereza Ramos e Hosp. Infantil Seara do Bem (Lages); Planalto Norte: Hosp. São Vicente de Paula (Mafra); Meio Oeste: Hosp. Santa Terezinha (Joaçaba), Hosp. Hélio dos Anjos Ortiz (Curitibanos); Grande Oeste: Hosp. Regional do Oeste (Chapecó), Hosp. Regional do Extremo Oeste (SMO).

OBS.: Disponível ainda, em hospitais que utilizam para tratamento de outras doenças que não são decorrentes de intoxicação aguda/crônica, como por exemplo, hemocromatose.

Referências

DRUGDEX® Evaluations. Thomson Micromedex. Disponível em: <http://www.micromedexsolutions.com/micromedex2/librarian>

TOXBASE® . Disponível em: <http://www.toxbase.org>.

OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.

UPTODATE. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/search

Atualizado em: Março/2015

Equipe CIT/SC