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Detergentes/Amaciantes/Sabões/Saponáceos

Nome e Sinônimos

Os detergentes possuem em sua composição surfactantes ou tensoativos catiônicos, aniônicos ou não iônicos (detergents and soaps anionic, nonionic ande cationic; surfactants): SURFACTANTES CATIÔNICOS cloreto de alquil dimetil benzil amônio, cloreto de alquil dimetil etilbenzil amônio, cloreto de alquil dimetil etiltoluil amônio, cloreto de lauril piridínio, cloreto e brometo de cetil trimetil amônio, cloreto de alquil trimetil amônio, dicloreto de polioxietileno (dimetilimino), etileno (dimetilimino), etileno e dicloreto de polioxietileno (dimetilimino),metileno (dimetilimino) etileno, cloreto de benzalcônio, cloreto de diestearil dimetil amônio SURFACTANTES ANIÔNICOS Alquil benzeno sulfonato de sódio, Dodecilbenzeno sulfonato de sódio, Lauril éter sulfato de magnésio, Lauril éter sulfato de sódio. SURFACTANTES NÃO IÔNICOS Álcoois etoxilados, Amida, Copolímero óxido de propeno/ eteno, Dietanolamina de ácido graxo de coco ou Alcalonamida de coco, Monolaurato de sorbitan polietoxietilado, Nonil fenol etoxilado.

Resumo

Os detergentes, são produtos domésticos, sintéticos que atuam nas superfícies e são quimicamente classificados como surfactantes ou tensoativos aniônicos, catiônicos ou não iônicos. A estrutura geral é uma cadeia de hidrocarbonetos ligada a um grupo iônico (aniônico ou catiônico) ou um grupo de álcool (não iônico). Os detergentes catiônicos são mais tóxicos do que os produtos aniônicos e não iônicos. A maior parte desses produtos contém também agentes alvejantes (liberadores de cloro), bacteriostáticos (com baixa concentração de compostos de amônio quaternário) ou enzimáticos. A ingestão acidental de detergentes por crianças é muito comum, porém raramente é observada uma toxicidade grave. Os sabões são produzidos por ação de álcalis sobre gorduras e óleos naturais. Classe/Uso/Apresentação

Classe/Uso: Produtos saneantes (Produtos Domissanitários).

Apresentação: Detergentes na forma líquida; sabões e sabonetes na forma líquida, flocos, granuladados ou pedra (barra).

Toxicidade

Dose Tóxica: A toxicidade está relacionada diretamente aos ingredientes, tipo de surfactante, à concentração do produto, volume ingerido. Os detergentes catiônicos e os utilizados em lava-louças são mais tóxicos do que os produtos aniônicos e não iônicos. No caso de soluções de cloreto de benzalcônio, a ingestão de 100 a 400 mg/kg tem sido fatal.

Mecanismo de Toxicidade: Os detergentes podem precipitar e desnaturar proteínas, são irritantes aos tecidos e possuem funções queratolíticas e corrosivas.

  • Detergentes aniônicos e não iônicos são apenas fracamente irritantes, porém os detergentes catiônicos são mais nocivos, porque os compostos de amônio quaternários podem ser cáusticos/corrosivos.
  • Detergentes com baixo fosfato e sabões para máquinas lava-louças geralmente contêm agentes corrosivos alcalinos, como metassilicato de sódio, carbonato de sódio e tripolifosfato de sódio.
  • Os detergentes que contêm enzimas podem causar irritação na pele e possuem propriedades sensibilizantes; podem liberar bradicinina e histamina, levando ao broncospasmo.
A exposição é comum, mas a toxicidade é baixa.

Crianças ou adultos que ingeriram acidentalmente pequenas quantidades de produtos domésticos, não apresentam sintomas ou apenas sintomas leves e limitados não precisam ser encaminhados para o hospital, os sintomas provavelmente resolverão sem necessidade de tratamento. Os pacientes devem procurar atendimento médico caso os sintomas persistirem.

Todos os pacientes que ingeriram intencionalmente devem ser encaminhados para avaliação médica. Crianças e adultos que tenham sido expostos a um produto de composição desconhecida ou clandestinos, ou aqueles que apresentem sintomas que indiquem sinais de gravidade, devem ser encaminhados para avaliação médica, para tratamento especifico e observação por um período de 6 horas ou até assintomáticos.

As manifestações clínicas e tratamento são comuns à maioria dos sabões e detergentes, mas os produtos de uso industrial podem ser mais concentrados e/ou conter outras substâncias em sua composição.

Manifestações Clínicas

Dados importantes na avaliação clínica: intencionalidade, via da exposição, volume ingerido, com relação ao produto (tipo de surfactante, concentração, associação com outras substâncias, produto puro ou diluído, produto clandestino ou não.)

SURFACTANTES ANIÔNICOS E NÃO IÔNICOS: Produtos de baixa toxicidade. Irritação da mucosa oral, olhos ou pele, pode se desenvolver, dependendo da rota de exposição. Náuseas, vômitos e diarréia podem ocorrer após ingestão, mas geralmente são autolimitados. Raramente, a ingestão pode causar lesões cáusticas no trato gastrointestinal. Existe um pequeno risco de aspiração se ocorrer vômito. A aspiração pode causar irritação das vias aéreas superiores e desconforto respiratório, mais freqüentemente em crianças pequenas. Lesão corneana significativa é rara, mas foi relatada após exposição ocular.

SURFACTANTES CATIÔNICOS: Produtos que, em concentrações maiores, podem causar toxidade moderada. Irritação da mucosa oral, olhos ou pele pode se desenvolver dependendo da rota de exposição. Náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal podem ocorrer após a ingestão. A ingestão de soluções concentradas pode produzir queimaduras na boca, faringe e esôfago. Muito raramente podem se desenvolver necrose e peritonite ou hemorragia do trato gastrointestinal; broncoespasmo, pneumonite por aspiração, hipoxemia e lesão pulmonar aguda. Depressão do SNC progredindo para coma e choque são complicações raras em pacientes com ingestão grave ou lesão GI corrosiva. A exposição dos olhos pode causar efeitos que variam de leve desconforto a danos muito sérios na córnea. A necrose dérmica pode se desenvolver após a exposição a formulações concentradas. Nestes casos ver a monografia de Cáusticos e Corrosivos (Ácidos e Álcalis).

Tratamento

Dados importantes para auxiliar no tratamento e prognóstico: intencionalidade, via da exposição, volume ingerido, com relação ao produto (tipo de surfactante, concentração, associação com outras substâncias, produto puro ou diluído, produto clandestino ou não).

INGESTÃO:

  1. Medidas de suporte: Avaliação das vias aéreas, respiração e circulação.

  2. Descontaminação: NÃO induzir vômitos; NÃO fazer lavagem gástrica; NÃO usar carvão ativado e NÃO neutralizar. .

  3. Diluição: Enxaguar a boca e administrar um diluente (água ou leite) em pequenas quantidades, conforme a aceitação do paciente, para evitar vômitos.

Na suspeita de produtos de concentração potencialmente cáustica/corrosiva, após a diluição, o paciente deve ficar em repouso gástrico (NPO) até ser avaliado a necessidade ou não de endoscopia. Nestes casos ver a monografia de Cáusticos e Corrosivos (Ácidos e Álcalis).

Observação: Questionar a tolerância da pessoa intoxicada ao leite. Algumas pessoas podem sentir náuseas com a ingestão de leite, sendo preferível a diluição com água.

  1. Sintomáticos: Realizar tratamento sintomático e suportivo, conforme as manifestações clínicas do paciente. Administrar antieméticos, se necessário. No caso de pacientes com vômito prolongado ou diarreia, administrar fluidos IV para corrigir a desidratação e o equilíbrio de eletrólitos. Solicitar radiografia de tórax se houver suspeita de aspiração. Em casos de suspeita de lesão corrosiva ver a monografia de Cáusticos e Corrosivos (Ácidos e Álcalis).

INALAÇÃO: Retirar imediatamente o paciente da exposição e fornecer oxigênio suplementar, se necessário. Administrar broncodilatadores por inalação em caso de dificuldade respiratória. Se tosse ou dispneia, verificar saturação de oxigênio e atentar para a possibilidade de irritação do trato respiratório e pneumonite química. Pode ser solicitado um raio-X de tórax em pacientes com sintomas respiratórios, na admissão e posteriormente para avaliar possível pneumonite química.

EXPOSIÇÃO CUTÂNEA: Retirar roupas contaminadas e LAVAR a pele exposta com água abundante por pelo menos 15 minutos ou mais, dependendo da concentração, quantidade e duração da exposição ao produto. Se presença de lesão de pele, realizar tratamento padrão, conforme as manifestações locais.

EXPOSIÇÃO OCULAR: Irrigar os olhos com água abundante ou soro fisiológico por pelo menos 30 min. Considerar avaliação oftalmológica, se necessário.

Exames/Monitorização

  • Não há exame específico para o diagnóstico. Não há necessidade de solicitar exames para casos leves e oligossintomáticos.
  • O diagnóstico é obtido com base na história de exposição e no aparecimento imediato de vômito. Boca espumante também poderá sugerir exposição.
  • Outras análises laboratoriais úteis, caso o paciente esteja muito sintomático, incluem eletrólitos, glicose, cálcio, magnésio e fosfato (após a ingestão de produtos contendo fosfato). Hemólise ocorreu após administração não intencional EV e irrigação epidural com brometo de cetrimônio; Metemoglobinemia foi relatada seguindo a irrigação peritoneal com brometo de cetrimônio.
  • Monitorar a gasometria arterial, a oximetria de pulso e os testes de função pulmonar, e obter um raio-X de tórax em pacientes com sintomas respiratórios importantes ou suspeita de aspiração.

Bibliografia

ANDRADE, A. et al. Toxicologia na prática clínica. 2ª edição. Belo Horizonte: Folium, 2013.

MICROMEDEX Healthcare Series – POISINDEX - Detergents And Soaps-Anionic And Nonionic. Disponível em:http://www.micromedexsolutions.com Acesso em: junho 2018.

MICROMEDEX Healthcare Series – POISINDEX - Detergents-Cationic. Disponível em:http://www.micromedexsolutions.com Acesso em: junho 2018.

TOXBASE (NPIS). Surfactants(Detergents). Disponível em: http://www.toxbase.org/. Acesso em: junho 2018.

OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.

BRASIL. RESOLUÇÃO - RDC Nº 109, DE 6 DE SETEMBRO DE 2016. Dispõe sobre regulamento técnico para produtos saneantes categorizados como alvejantes à base de hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio e dá outras providências. DOU Nº 173, quinta-feira, setembro de 2016.

BRASIL. RESOLUÇÃO-RDC Nº 110, DE 6 DE SETEMBRO DE 2016. Dispõe sobre regulamento técnico para produtos saneantes categorizados como água sanitária e dá outras providências. DOU Nº 173, quinta-feira, setembro de 2016.

Revisado por: Equipe do CIATox/SC. Última atualização: Junho 2018.