Plantas com Glicosídeos Cianogênicos
Descrição e Mecanismo de ação
Os glicosídeos cianogênicos estão presentes em uma grande variedade de espécies de plantas, mas poucas são portadoras de teor perigosamente elevado.
Essas plantas ao serem ingeridas, liberam ácido cianídrico por hidrólise. O cianeto possui afinidade pelo ferro, se liga à hemoglobina formando a ciano-hemoglobina, que pode causar inibição da respiração celular, determinando um quadro de intoxicação cianídrica.
Várias espécies são comestíveis, mas apresentam a substância tóxica em maiores concentrações em partes que normalmente não são ingeridas, como em caroços e sementes de algumas frutas.
Outras, como a mandioca-brava apresentam a substância tóxica em toda a planta. A distinção entre a variedade tóxica da atóxica é praticamente impossível. Influências ambientais como idade do vegetal, condições climáticas e de solo, alteram a concentração da substância cianogênica no vegetal. O processamento e/ou o cozimento adequados eliminam as substâncias tóxicas.
Toxicidade
'''Intoxicação potencialmente grave por ingestão principalmente de mandioca-brava |
''' Na ingestão acidental de caroços ou sementes inteiras, é improvável a ocorrência de toxicidade pelo cianeto. Os glicosídeos cianogênicos podem provocar um quadro clínico semelhante à intoxicação por cianeto. A gravidade da intoxicação depende do tipo e parte da planta, da quantidade ingerida e da variabilidade individual. |
Manifestações Clínicas
Como os glicosídeos cianogênicos devem ser hidrolisados no trato gastrointestinal antes que o íon cianeto seja liberado, o início dos sintomas pode ser retardado.
De uma maneira geral, os sintomas iniciais podem incluir distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos, cólicas e diarréia), salivação, rubor, formigamento e sensação de queimação, dor de cabeça, tontura e tremores.
Em casos graves, a toxicidade do cianeto pode causar taquicardia seguida de bradicardia, hipotensão, convulsões, acidose metabólica, coma e paralisia respiratória.
Para verificar demais sintomas consultar a monografia específica da planta e do Cianeto.
Tratamento
- O tratamento depende do relato da exposição, da quantidade ingerida, do tipo da planta, do tempo decorrido e dos sintomas apresentados.
- Recomenda-se em todos os casos tratamento sintomático e medidas de suporte.
- Quando possível, verificar a monografia específica da planta nas bases de dados auxiliares.
- Em caso de intoxicação grave por cianeto as medidas de suporte e o tratamento específico com antídotos devem ser iniciados imediatamente (seguir as recomendações da monografia do Cianeto no TOXBASE. Pesquisar, por exemplo, Manihot esculenta que irá direcionar para o tratamento específico).
- Todos os pacientes que necessitam de avaliação devem ser observados por pelo menos 6 horas após a exposição com aconselhamento para retornar se os sintomas se desenvolverem.
Em`` ``casos`` ``com`` ``sintomas`` ``moderados`` ``e`` ``graves,`` ``verificar`` ``demais`` ``sintomas`` ``e`` ``tratamento`` ``de`` ``cada`` ``planta`` ``individualmente`` ``no`` ``TOXBASE`` ``ou`` ``livros`` ``do`` ``CIATox.
Exemplos de Plantas com Glicosídeos Cianogênicos
Manihot utilissima ou Manihot esculenta (Mandioca-brava). Família: Euphorbiaceae. Parte tóxica: Principalmente na raiz e folhas. Substância ativa: glicosídeo cianogênicos, principalmente linamarina.
Prunus myrtifolia (Pessegueiro-bravo). Família: Rosaceae.Parte tóxica: todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeo cianogênicos, principalmente amigdalina. Fonte: Flora Digital UFSC (https://floradigital.ufsc.br/open_sp.php?img=22378)
Hydrangea macrophylla (Hortênsia). Família: Hydrangeaceae.Parte tóxica: principalmente o botão da flor. Substância ativa: glicosídeo cianogênicos, principalmente hidrangina.
Sementes e caroços de algumas frutas. Família: Rosaceae.Parte tóxica: caroço e sementes. Substância ativa: glicosídeo cianogênicos, principalmente amigdalina.
Referências
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Andrade Filho, A.; Campolina, D.; Dias, M. B. Toxicologia na prática clínica. 2° ed. Editora Folium. 2013. 675p.
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Fruit Stones (Prunus armeniaca). In: NATIONAL POISONS INFORMATION SERVICE (NPIS). TOXBASE® © Crown copyright 1983-2023. Reino Unido, 2023. Disponível em: https://www.toxbase.org/. Acesso em: 19 Set. 2023. [acesso restrito].
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Manihot esculenta. In: NATIONAL POISONS INFORMATION SERVICE (NPIS). TOXBASE® © Crown copyright 1983-2023. Reino Unido, 2023. Disponível em: https://www.toxbase.org/. Acesso em: 19 Set. 2023. [acesso restrito].
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MATOS, A. F. A. et al. Plantas tóxicas: estudo de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Instituto Plantarum de Estudos da Flora,
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Nelson LS, Shih RD, Balick MJ (2007) Handbook of poisonous and injurious plants, 2nd edn. Springer, Boston.
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OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.
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SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.de; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. (Orgs.) Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. rev. ampl. Porto Alegre / Florianópolis: Editora da Universidade UFRGS / Editora da UFSC, 2003.
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Disponibilização do cloridrato de hidroxocobalamina para o tratamento de intoxicações por cianeto no âmbito da assistência farmacêutica [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – Brasília :Ministério da Saúde, 2022. 44 p. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/daf/publicacoes/2022/manual-disponibilizacao-do-cloridrato-de-hidroxocobalamina_vfinal-21-06-22.pdf/view
Elaborado por: Marisete Canello Resener Revisado por: Adriana Mello Barotto, Taciana Mara da Silva Seemann Registrado por: Marisete Canello Resener Data: Setembro/2023. |
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