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Dimercaprol (BAL) - antídoto

Sinônimos

  • Antilewisista britânica; 2,3-dimercaptopropanol; 1,2-Dithioglycerol, 2,3-Dimercapto-1-Propanol; BAL - British Anti-Lewisite (Lewisite = arma química com Arsênio usada na segunda guerra, agente vesicante).

Nome Comercial

  • Dimercaprol® (Sanofi-Aventis)

Indicação Terapêutica como Antídoto

  1. Agente quelante ditiol usado no tratamento das intoxicações pelos metais pesados arsênio, mercúrio, chumbo e ouro;
  2. Intoxicação aguda por Arsênio inorgânico; Dados limitados sugerem que possa ser útil nos estágios iniciais (primeiras 24 horas) da intoxicação por Arsinia (gás derivado do Arsênio);
  3. Intoxicação por Mercúrio (exceto monoalquilmercúrio). Mais eficaz na prevenção da lesão renal quando administrada até 4 horas após a ingestão aguda de sais de mercúrio inorgânico; seu valor em prevenir ou tratar os efeitos neurológicos do vapor de mercúrio elementar é desconhecido;
  4. Intoxicação por Chumbo (exceto com compostos alquilchumbo); O Dimercaprol tem sido usado simultaneamente ao EDTA cálcico no tratamento no tratamento da encefalopatia pediátrica por chumbo; Não é recomendado o uso de BAL em regime de fármaco único no caso de intoxicação por chumbo;
  5. Ouro: o Dimercaprol tem sido utilizado no tratamento de reações adversas dermatológicas, hematológicas ou neurológicas de preparações farmacêuticas de ouro.
Observação: Não recomendado mais em alguns países para terapia de quelação devido aos efeitos colaterais. Substituído por análogos Ácido 2,3-Dimercapto-1-propanesulfônico (DMPS) ou o menos eficiente Ácido Dimercaptossuccínico (DMSA).

Apresentação e Via de Administração

Ampolas de 1 ml com solução a 10% (100 mg/ml) em óleo de amendoim contendo benzoato benzílico a 20%. Administrado por injeção IM profunda – não deve ser administrado por via endovenosa. Pode-se administrar previamente 2 ml de procaína a 2% no local escolhido para reduzir a dor associada à administração do dimercaprol.

Dose, Administração e Duração do Tratamento

Intoxicação por Arsênio:

a) A dose recomendada de dimercaprol para intoxicação por Arsênio SEVERA é de 3 mg/Kg através de injeção intramuscular profunda a cada 4 horas durante 2 dias, a cada 6 horas no terceiro dia, e a cada 12 horas por 10 dias ou até recuperação completa.

b) A dose recomendada para intoxicação por Arsênio LEVE é 2.5 mg/Kg a cada 6 horas por 2 dias, a cada 12 noras no terceiro dia, e uma vez ao dia por 10 dias ou até recuperação completa.

Intoxicação por Ouro:

a) A dose recomendada de dimercaprol para intoxicação por Ouro SEVERA é de 3 mg/Kg através de injeção intramuscular profunda a cada 4 horas durante 2 dias, a cada 6 horas no terceiro dia, e a cada 12 horas por 10 dias ou até recuperação completa.

b) A dose recomendada para intoxicação por Arsênio LEVE é 2.5 mg/Kg a cada 6 horas por 2 dias, a cada 12 noras no terceiro dia, e uma vez ao dia por 10 dias ou até recuperação completa.

Intoxicação por Chumbo:

a) Para encefalopatia aguda por Chumbo a dose recomendada pelo fabricante é de 4 mg/Kg a cada 4 horas durante 2 a 7 dias, dependendo da resposta clínica. Após a primeira dose, recomenda-se terapia combinada com edetato dissódico de cálcio (EDTA), administrado em local separado.

b) Para intoxicações por chumbo menos severas, recomenda-se dose inicial de 4 mg/Kg, seguida de 3 mg/Kg a cada 4 horas durante 2 a 7 dias.

Intoxicação por Mercúrio:

a) A dose inicial recomendada é de 5 mg/Kg, seguida de 2.5 mg/Kg uma ou duas vezes ao dia durante 10 dias.

b) Em alguns relatos de casos de intoxicação por mercúrio, doses maiores que as acima descritas têm sido necessárias.

Intoxicação por Arsinia (gás derivado do Arsênio):

a) Considerar o uso de dimercaprol 3 mg/Kg a cada 4 a 6 horas por 1 dia, caso possa ser iniciado nas primeiras 24 horas da exposição.

Dosagem pediátrica: as doses para a população pediátrica são as mesma da população adulta.

Insuficiência Renal: o dimercaprol deve ser utilizado em dosagem reduzida com extrema cautela, ou descontinuado, em pacientes que desenvolvam insuficiência renal aguda durante o tratamento.

Insuficiência Hepática: O dimercaprol é contra-indicado em casos de insuficiência hepática, excetos nos casos de icterícia pós intoxicação por arsênio.

Mecanismo de Ação

  • Agente quelante, liga-se de forma estável aos íons de alguns metais através de dois grupos sulfúricos adjacentes (ditiol), característica esta que o torna efetivo para mais de um tipo de metal. Esta ligação estável minimiza a reação dos metais com ligantes endógenos e aumenta sua excreção pela urina.
  • A maior parte do fármaco é absorvida em 1 hora e amplamente distribuída aos tecidos.

Precauções e Contraindicações

  • Alergia ao amendoim (óleo da amendoim é o veículo);
  • Insuficiência hepática (exceto icterícia pós intoxicação por arsênio);
  • O dimercaprol tem causado hemólise em pacientes com deficiência de G6PD.
  • Como o dimercaprol é administrado via IM, usar com cautela em pacientes com trombocitopenia ou coagulopatias.

Reações Adversas

  • A maioria dos pacientes que receberem doses terapêuticas de dimercaprol irão experimentar uma elevação transitória da frequência cardíaca e da pressão arterial, que se inicia entre 5 e 40 minutos, atingindo pico em 30 minutos, gradualmente revertendo em cerca de 2 horas.
  • Dor no local da injeção, eventualmente com formação de abcesso estéril.
  • Febre pode ocorrer em até 30% das crianças.
  • Náuseas, vômitos e dor abdominal estão entre as reações adversas freqüentes.
  • Efeitos adversos no sistema nervoso central são comuns e incluem parestesias, apreensão, cefaléia e tremores, seguidos de fraqueza muscular e fadiga nos casos severos.
  • Lacrimejamento, conjuntivite, blefarospasmo e rinorréia são outros efeitos colaterais comuns.
  • Sobredosagem (acima de 5 mg/Kg) pode causar vômitos, e convulsões e depressão do SNC.
  • Redistribuição de metais para o cérebro: Apesar de sua capacidade de aumentar a sobrevida de animais com intoxicação aguda, o dimercaprol tem sido associado a redistribuição de mercúrio e arsênio para o cérebro. Deve-se evitar o uso na intoxicação crônica por mercúrio elementar ou por alquilmercúrio (ex. metil), na qual o cérebro é um órgão-alvo fundamental.

Uso na Gravidez

  • Categoria C: Medicamentos cujos estudos em animais revelaram efeitos adversos em fetos, mas não há estudos controlados em mulheres. Os medicamentos podem ser ministrados somente se o benefício terapêutico justificar o potencial teratogênico.
  • Contra-indicado na lactação devido a possível excreção no leite materno e ação danosa no recém-nascido/lactente.

Quantidade mínima para tratar um paciente adulto de 70kg, grave, nas primeiras 24h

Dose total de 1700 mg (17 ampolas de 100mg/ml 1ml).

Disponibilidade do medicamento em Santa Catarina

Pela portaria dos antídotos deve estar disponível nas 9 (nove) Gerências Regionais de Saúde que responderão pelas Macrorregiões de Saúde. São elas:

São José (Grande Fpolis), Blumenau (Vale do Itajaí), Criciúma (Sul), Chapecó (Grande Oeste), Itajaí (Foz do Rio Itajaí), Joaçaba (Meio Oeste), Joinville (Nordeste), Lages (Serra Catarinense), Mafra (Planalto Norte).

Na prática, ainda não temos em estoque, haja vista que, no momento, este antídoto está indisponível no mercado.

Informações complementares

  • Devido à possibilidade da formação de complexo tóxico com o ferro, deve-se evitar a terapia de substituição concomitante.
  • O dimercaprol pode interromper bruscamente a remissão da artrite reumatóide induzida pela terapia com ouro.

Referências

DRUGDEX® Evaluations. Thomson Micromedex. Disponível em: <http://www.micromedexsolutions.com/micromedex2/librarian>

TOXBASE® . Disponível em: <http://www.toxbase.org>.

OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.

UPTODATE. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/search

Atualizado em: Maio/2015

Equipe CIT/SC