Ir para o conteúdo principal

Plantas com Glicosídeos Cardiotóxicos

Descrição e Mecanismo de ação

Os glicosídeos cardioativos são esteroides naturais que têm intensa ação sobre a musculatura cardíaca e estão presentes em diversas espécies de plantas.

Inibem a bomba Na+/K+ATPase celular, promovendo indiretamente o aumento das concentrações intracelulares de cálcio em certas células, particularmente nas células do miocárdio.

A ingestão de plantas que possuem glicosídeos cardioativos podem produzir sintomas semelhantes aos do envenenamento por digoxina.

Toxicidade

'''Intoxicação potencialmente grave por ingestão

'''

Os glicosídeos cardiotóxicos podem provocar um quadro clínico semelhante à intoxicação digitálica.

A gravidade da intoxicação depende do tipo e parte da planta, da quantidade ingerida e da variabilidade individual

Manifestações Clínicas

A ingestão pode causar sintomas gastrintestinais, cardíacos e neurológicos:

  • Gastrintestinais: náuseas, vômitos, cólicas, hipocalemia, diarréia sanguinolenta.
  • Cardíacas: arritmias (fibrilações atriais e ventriculares), bloqueio, extrasístoles, taquicardias, parada cardíaca.
  • Neurológicas: perda de equilíbrio, tonturas, cefaléia, torpor, convulsões e coma.

O contato direto do látex com a mucosa ocular determina irritação acentuada com lacrimejamento, fotofobia e congestão conjuntival.

O contato da pele, principalmente com a seiva, pode causar dermatite.

Tratamento

  • Tratamento sintomático e suportivo.
  • Considerar uso de carvão ativado (dose de carvão: 50 g para adultos; 1 g/kg para crianças) se o paciente apresentar dentro de 1 hora após a ingestão de quantidade potencialmente tóxica, desde que seja seguro fazê-lo e as vias aéreas possam ser protegidas.
  • Desobstruir vias aéreas superiores e administrar oxigênio suplementar se necessário.
  • Monitorar sinais vitais.
  • Eletrocardiograma seriado em pacientes sintomáticos.
  • As arritmias cardíacas devem receber tratamento específico, de acordo com cada caso.
  • Manter acesso venoso calibroso.
  • Hidratação adequada.
  • Observação: Em casos graves com cardiotoxicidade há indicação do Anticorpo Antidigoxina (Digoxina Imunne FAB), no entanto desde 2021 está indisponível em SC.

Em`` ``casos`` ``com`` ``sintomas`` ``moderados`` ``e`` ``graves,`` ``verificar`` ``demais`` ``sintomas`` ``e`` ``tratamento`` ``de`` ``cada`` ``planta`` ``individualmente`` ``no`` ``TOXBASE`` ``ou`` ``livros`` ``do`` ``CIATox.

Exemplos de Plantas com Glicosídeos Cardiotóxicos:

Nerium oleander (espirradeira, oleander, loandro, loandro da índia, luveiro rosa, flor de são josé). Família: Apocynaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente oleandrina.

Nerium oleander (espirradeira, oleander, loandro, loandro da índia, luveiro rosa, flor de são josé). Família: Apocynaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente oleandrina.

Digitalis purpurea (Dedaleira). Família: Plantaginaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente digitoxina, gitoxina.

Digitalis purpurea (Dedaleira). Família: Plantaginaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente digitoxina, gitoxina.

Theventia peruviana (Chapeu de napoleão). Família: Apocynaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta, principalmente as sementes. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente tevetina .

Theventia peruviana (Chapeu de napoleão). Família: Apocynaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta, principalmente as sementes. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente tevetina .

Rhododendron indicum (Azaleia, azalea, rododendro). Família: Ericaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente graianotoxina.

Rhododendron indicum (Azaleia, azalea, rododendro). Família: Ericaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, principalmente graianotoxina.

Adenium spp (Rosa do deserto, falsa azaleia). Família: Apocynaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta, principalmente as sementes. Substância ativa: glicosídeos cardioativos.

Adenium spp (Rosa do deserto, falsa azaleia). Família: Apocynaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta, principalmente as sementes. Substância ativa: glicosídeos cardioativos.

Kalanchoe sp (kalanchoa, flor-da-fortuna, coerana, oirama-branca, erva-da-costa, folha-da-fortuna, folha-de-costa, saião). Família: Crassulaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta, principalmente as sementes. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, bufenolídeos . Observação:A maioria das variedades da planta Kalanchoe geralmente causa náuseas e vômitos. Existem algumas variedades que contêm glicosídeos cardiotóxicos, presente principalmente em pastagens de gado, tem alguns relatos em animais, mas é improvável que cause toxicidade cardíaca em humanos.

Kalanchoe sp (kalanchoa, flor-da-fortuna, coerana, oirama-branca, erva-da-costa, folha-da-fortuna, folha-de-costa, saião). Família: Crassulaceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta, principalmente as sementes. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, bufenolídeos . Observação:A maioria das variedades da planta Kalanchoe geralmente causa náuseas e vômitos. Existem algumas variedades que contêm glicosídeos cardiotóxicos, presente principalmente em pastagens de gado, tem alguns relatos em animais, mas é improvável que cause toxicidade cardíaca em humanos.

Allamanda cathartica (Alamanda, dedal de dama, alamanda de flor grande amarela, quatro-pataca, orélia, santa maria). Família: Apocynaceae. Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, saponinas.

Allamanda cathartica (Alamanda, dedal de dama, alamanda de flor grande amarela, quatro-pataca, orélia, santa maria). Família: Apocynaceae. Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: glicosídeos cardioativos, saponinas.

Referências

  1. Andrade Filho, A.; Campolina, D.; Dias, M. B. Toxicologia na prática clínica. 2° ed. Editora Folium. 2013. 675p.

  2. PLANTA. In: NATIONAL POISONS INFORMATION SERVICE (NPIS). TOXBASE® © Crown copyright 1983-2023. Reino Unido, 2023. Disponível em: https://www.toxbase.org/. Acesso em: 23 Ago. 2023. [acesso restrito].

  3. MATOS, A. F. A. et al. Plantas tóxicas: estudo de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Instituto Plantarum de Estudos da Flora,

  4. 247p.

  5. Nelson LS, Shih RD, Balick MJ (2007) Handbook of poisonous and injurious plants, 2nd edn. Springer, Boston.

  6. North Carolina Extension Gardener Plant Toolbox. Disponível em: https://plants.ces.ncsu.edu/. Acesso em: 21 Ago. 2023.

  7. OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.

  8. SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.de; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. (Orgs.) Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. rev. ampl. Porto Alegre / Florianópolis: Editora da Universidade UFRGS / Editora da UFSC, 2003.

Elaborado por: Marisete Canello Resener

Revisado por: Adriana Mello Barotto, Taciana Mara da Silva Seemann

Registrado por: Marisete Canello Resener

Data: Agosto/2023.