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Paederus - Potó

Classificação

Nome Popular: Potó, Podó, Fogo selvagem, Trepa moleque, Pela-égua, Papa pimenta, Mosca de Nairobi, Aranha-de-Drácula, Rove beetle.

Nome Científico: Paederus spp, P. amazonicus , P. brasiliensis, P. columbinus, P. ferus, P. mutans , P. protensus, P.rutilicornis, Epicauta spp, entre outros

Ordem: Coleoptera

Família: Staphylinidae / Meloidea

Gênero: Paederus / Epicauta / Lytta

Potó - Besouro do gênero Paederus sp, aproximadamente 11mm de comprimento. Fonte da imagem: www.pybio.org

Potó - Besouro do gênero Paederus sp, aproximadamente 11mm de comprimento. Fonte da imagem: www.pybio.org

Potó - Besouro do gênero Epicauta sp, aproximadamente 10mm de comprimento. Fonte da imagem: www.pybio.org

Potó - Besouro do gênero Epicauta sp, aproximadamente 10mm de comprimento. Fonte da imagem: www.pybio.org

Lesão causada por Potó

Lesão causada por Potó

Descrição

Pequenos besouros de corpo alongado e estreito, medindo de 7 a 13mm de comprimento com asas pequenas protegidas por élitros curtos (carapaça na parte anterior e dorsal do abdome).

Muitas espécies têm a cabeça e a extremidade abdominal de coloração negra, enquanto tórax e parte proximal do abdome apresentam cor alaranjada, élitros de coloração azul metálico/verde ou também alaranjados.

Adultos, ovos e larvas contém a toxina – presente nos órgãos genitais e em maior concentração na hemolinfa, sendo relatado que o contato com fêmeas, pode evoluir com sintomas mais graves. Os acidentes ocorrem devido ao contato (esmagadura, esfregadura) do animal sobre a pele.

São insetos polífagos, mais ativos no período vespertino e noturno e são atraídos por focos luminosos – ocasião onde costuma ocorrer o contato com humanos.

Quando molestados, os insetos adultos se defendem com as mandíbulas (tentando morder), ao mesmo tempo em que encurvam o abdome provavalmente para acionar a secreção das glândulas pidigitais (os canais glandulares abrem-se próximos ao ânus).

São besouros cosmopolitas, presentes em todos os continentes (exceto regiões polares), vivem em regiões úmidas (gramíneas, margens de lagos, brejos, arrozais), em plantações (fumo, feijão, milho, batata, cana de açúcar), embaixo de folhas secas, cascas/troncos de árvores e em plantas vivas.

No Brasil, são descritas 5 espécies de importância médica responsáveis pela maioria dos casos. Os acidentes são relatados com maior freqüência nas regiões norte e nordeste.

Ações do Veneno

As espécies do gênero Paederus produzem substâncias vesicantes não protéicas (pederina, pseudopederina e pederona), sendo a Pederina (uma amida cristalina) de maior toxicidade: inibe síntese de proteínas do DNA, bloqueando a mitose (interrupção da divisão celular). A toxina possui propriedades cáusticas e vesicantes e na conjuntiva, o efeito citotóxico é pronunciado.

Os acidentes relacionados ao gênero Epicauta (família Meloidea) apresentam sintomas mais brandos (associados à cantaridina) que regridem em cerca de 3 dias

Manifestações Clínicas

Manifestações Locais: As manifestações locais são as mais frequentes, bastante proeminentes e imediatas.

Bolhas/vesículas pequenas e numerosas, lineares, eritema, ardência/ dor local, prurido.

As lesões costumam ocorrer em regiões expostas do corpo (face, pescoço, antebraços). Em áreas de flexão, ocorrem lesões em espelho ou “em beijo”, afetando apenas o local onde houve contato com a hemolinfa e pele sadia entre as lesões.

A evolução das lesões é relativamente lenta, passando de vesículas pequenas para lesões vesicobolhosas ou até mesmo pustulares, descamação, cicatrização e manchas hipercrômicas que podem persistir por semanas.

A região da palma das mãos e sola dos pés costumam ser poupadas neste tipo de acidente.

O contato do venenos com os olhos provoca dor, irritação, ardência, dermatite periorbital, ceratoconjuntivite (Nairobi eyes), irite, conjuntivite hemorrágica.

Em casos graves pode levar à cegueira.

Manifestações Sistêmicas: As manifestações clínicas sistêmicas são raras e incluem febre, artralgia, cefaleia, náuseas.

Complicações:

  • Infecção secundária: bactérias gram negativas são essenciais na produção de pederina em algumas espécies, por isso é frequente ocorrer infecção secundária nos acidentes.
  • Hiperpigmentação pos-inflamatória.
  • Cegueira.

Diagnóstico

Não há exames laboratoriais específicos para o diagnóstico do acidente com o Potó.

O diagnóstico é clínico e através da identificação do animal.

As lesões são frequentemente confundidas com lesões herpéticas, dermatites de contato, pênfigo ou queimaduras.

A epidemiologia também pode ajudar na identificação de casos: episódios semelhantes na região, incidência sazonal e identificação do besouro.

Tratamento

Não existe soro para este tipo de acidente.

Lavar o local do contato com água e sabão;

Tintura de iodo nas lesões iniciais (destrói pederina apenas se aplicação precoce);

Permanganato de potássio (KMnO4 1:40.000): KMnO4 1 comprimido 100mg diluído em 4.000ml para compressas ou higienização de lesões bolhosas/tardias;

Compressas frias;

Antibiótico apenas se infecção secundária (cobertura para gram negativo):

  • Local (neomicina) ou Sistêmico (amoxicilina + clavulanato)

Se contato ocular: irrigação ocular abundante com SF 0,9% e avaliação oftalmológica;

Atropina colírio: 1 gota se irite (prevenção de aderências);

Sintomáticos: Analgesia, anti histamínico corticóide tópico, conforme necessidade.

Medidas preventivas (para evitar contato com o besouro):

  • Identificação do animal.
  • Caso o animal pouse no corpo, tentar retirar soprando ou com uma folha de papel.
  • Telas em portas e janelas.
  • Se suspeita de contato durante à noite, lavar o corpo assim que acordar.

Exames/Monitorização

Não há exames específicos para diagnóstico e/ou acompanhamento. É recomendado acompanhar a evolução da lesão em Unidade Básica de Saúde.

Referências

  • NASIR, Shabab et al. Paederus besouros: o agente da dermatite humana. J. Venom. Anim. Toxinas incl. Trop. Dis , Botucatu, v. 21, p. 1-6, 2015. Acesso em 19 de setembro de 2017
  • HADDAD JUNIOR, Vidal. "Sinal do beijo" na dermatite causada por besouros vesicantes ("potós" ou Paederus sp.). A. Bras. Dermatol. , Rio de Janeiro, v. 89, n. 6, p. 996-997, dezembro de 2014. Acesso em 19 de setembro de 2017.
  • VIEIRA, Juliana S .; RIBEIRO-COSTA, Cibele S .; CARON, Edilson. Escaravelhos de importância médica no Brasil (Coleoptera, Staphylinidae, Paederinae). Rev. Bras. entomol. , São Paulo, v. 58, n. 3, p. 244-260, setembro de 2014. Acesso em 19 de setembro de 2017
  • MBONILE, L. Epidemia de conjuntivite hemorrágica aguda e surtos de Paederus spp. ceratoconjuntivite ("olhos vermelhos de Nairobi") e dermatite. SAMJ, S. Afr. med. j. , Cape Town, v. 101, n. 8, p. 541-543, agosto de 2011. Acesso em 19 de setembro de 2017.
  • AMADO, Roberto Campos et al . Identificação de surto de dermatite causada por besouro potó (Paederus brasiliensis) em Betim, Minas Gerais, 2009. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 19, n. 4, p. 403-405, dez. 2010 . Acesso em 19 set. 2017.
  • FIOREZI, Janaina Maria Setto et al. Dermatite vesicante pelo Paederus sp.: relato de 19 casos em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Rev Bras. Med. Fam. Comunidade. Florianópolis, 2012, Out.-Dez.; 7(25):255-8.
  • PAEDERUS. Auxílio ao Atendimento. Monografias CIT/SC, 2001.

Elaboração: Equipe CIT/SC

Atualizado em: Setembro 2017.