Atropina - antídoto
Sinônimos
- Sulfato de Atropina (Atropine sulphate)
Nome Comercial
- Atropina
Indicação Terapêutica como Antídoto
- Intoxicação por Inibidores de Colinesterase (organofosforados e carbamatos) – para remissão dos sinais e sintomas muscarínicos.
- Bradicardia induzida por fármacos.
Apresentação e Via de Administração
No Brasil são disponíveis ampolas de 1 ml, contendo 0,25 ou 0,5 mg por ampola.
Dose, Administração e Duração do Tratamento
1. Intoxicação por inibidores de Colinesterase
Adultos – Intoxicação Leve a Moderada:
- Dose de ataque: 1 a 2 mg/dose, repetidos em intervalos que variam de 3 a 10 minutos até aparecimento de atropinização (boca seca, pele seca, diminuição da hipersecreção brônquica, taquicardia, lembrando que a miose será a última a desaparecer, não devendo ser levada como paramêtro de atropinização).
- Dose de manutenção: A dose média de manutenção deve ser de 1 (um) a 3 (três) mg por hora. Deve-se optar por doses de 1 a 2mg/h para casos mais leves e 2 a 3 mg/h para casos moderados. O paciente deverá ser reavaliado periodicamente. A retirada deve ser gradual (a menos que apresente franca intoxicação atropínica).
Adultos – Intoxicação Grave:
- Dose de ataque: 2 a 4 mg/dose, repetidos em intervalos que variam de 3 a 10 minutos até aparecimento de atropinização. Após iniciar dose de manutenção
- Dose de manutenção: A dose média de manutenção deve ser de 3 (três) a 4 (quatro) mg por hora, preferencialmente infundidas por bomba de infusão. O paciente deverá ser reavaliado periodicamente. A retirada deve ser gradual (a menos que apresente franca intoxicação atropínica).
Obs: existem casos muito graves em que são utilizadas doses de manutenção bem maiores, chegando a mais de 10 mg/hora. A dose utilizada deve ser suficiente para manter paciente “seco” (sem sintomas muscarínicos), sem causar sinais de intoxicação atropínica. Não existe um tempo mínimo nem máximo para manter a atropina. Pode variar de poucas horas a muitos dias. Vai depender da avaliação clínica.
Crianças (menor de 40 kg):
Dose de Ataque: 0,01 A 0,05 mg/Kg/DOSE – Varia conforme a gravidade.
- Casos leves: 0,01 a 0,02 mg/kg/dose
- Casos moderados:0,02 a 0,03 mg/kg/dose
- Casos graves: 0,03 a 0,05 mg/kg/dose
Dose de Manutenção: 0,01 A 0,05 mg/Kg/HORA – Varia conforme a gravidade
- Casos leves: 0,01 a 0,02 mg/kg/hora
- Casos moderados:0,02 a 0,03 mg/kg/hora
- Casos graves: 0,03 a 0,05 mg/kg/hora
Sugestão de esquema de diluição da atropina para a dose de manutenção:
Atropina de 0,25mg/ml: Utilizar 40 ampolas de 0,25 + 60ml de Soro Fisiológico = 10mg em 100ml Atropina de 0,5mg/ml: Utilizar 20 ampolas de 0,5 + 80ml de Soro Fisiológico = 10mg em 100ml Intoxicação leve: Iniciar com 10 a 20 ml/h (1 a 2 mg/h) Intoxicação moderada: Iniciar com 20 a 30 ml/h (2 a 3 mg/h) Intoxicação grave: Iniciar com 30 a 40 ml/h (3 a 4 mg/h) |
- Sempre verificar se a ampola é de 0,25 ou 0,5mg.
- Correr preferencialmente em bomba de infusão.
- O número de ampolas realmente é grande.
Duração do tratamento: Nos casos de intoxicação por carbamatos a duração do tratamento pode ser de poucas horas, e no caso de intoxicação por organofosforados a duração do tratamento pode chegar a vários dias.
Se após interrupção do uso de atropina, surgirem novamente sinais de intoxicação, deve ser retomada a administração de atropina pela dose de ataque até "secar" e dose de manutenção em seguida.
2. Bradicardia induzida por fármacos (Digitálicos, Beta-bloqueadores, Antagonistas de cálcio, Fisostigmina):
Adultos: 0,5 a 1 mg EV
Crianças e adolescentes: 0,02 mg/kg até um máximo de 0,5 e 1 mg respectivamente. Obs: Repetir conforme necessário. Em caso de adultos se a resposta não for alcançada após a administração de 3 mg é provável que o paciente não se beneficie de doses maiores (a menos que a bradicardia seja causada por efeitos muscarínicos como no caso da intoxicação por carbamatos e organofosforados).
Mecanismo de Ação
Bloqueio da ação da acetilcolina nos receptores muscarínicos. Os efeitos terapêuticos esperados incluem: redução das secreções das glândulas salivares e de outras glândulas exócrinas, redução da broncorréia e dificuldade respiratória, redução da secreção intestinal e peristalse, aumento da frequência cardíaca e aumento da condução atrioventricular.
Obs: A atropina não reverte os efeitos do excesso de acetilcolina nos receptores nicotínicos das junções neuromusculares, gânglios dos sistemas nervosos parassimpático e simpático e Sistema Nervoso Central.
Precauções e Contraindicações
Todas as “contraindicações” são relativas visto que em determinadas situações clínicas, os benefícios superam os possíveis prejuízos.
- Pacientes com hipertensão, taquiarritmias, tireotoxicose, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), insuficiência coronariana e/ou outras enfermidades cardíacas podem não suportar uma freqüência cardíaca acelerada (nos casos de intoxicação por inibidores da colinesterase pode haver taquicardia e isto não é contraindicação para o uso de atropina caso o paciente apresente-se com sinais e sintomas de hipersecreção exócrina, pois poderão melhorar a oxigenação, reduzindo a liberação de catecolaminas associada a hipóxia)
- Glaucoma de ângulo fechado, visto que a dilatação pupilar pode aumentar a pressão intraocular ( poderão ser usados com segurança se o paciente estiver sendo tratado com agente miótico).
- Uropatia obstrutiva.
- Miastenia gravis.
- Doenças obstrutivas do Trato Gastrointestinal (TGI), colite ulcerativa grave, infecções bactérianas do TGI.
Reações Adversas
Boca seca, visão turva, ciclopegia ,midríase, rubor facial, taquicardia, palpitações, agravamento de angina pectoris, ICC, constipação, agitação, delírio. Retenção urinária é comum. A duração das reações pode ser prolongada (várias horas).
Obs: Doses de atropina inferiores a 0,5 mg em adultos e doses administradas por via endovenosa muito lenta podem levar a bradicardia paradoxal.
Uso na Gravidez
A atropina é definida como Categoria C pelo FDA. No entanto, isto não impede seu uso se paciente sintomática (os potenciais benefícios superam os potenciais riscos).
Quantidade mínima para tratar um paciente adulto de 70kg, grave, nas primeiras 24h
1000 ampolas de 0,25 mg ou 500 ampolas de 0,5mg.
Nas USA's, acordamos juntamente com a Gerência do SAMU, em ter a disposição pelo menos 100 ampolas em cada USA.
Disponibilidade do medicamento em Santa Catarina
Pela portaria dos antídotos deve estar disponível em todas as Urgências e Emergências de Hospitais, UPAs e USAs.
Referências
DRUGDEX® Evaluations. Thomson Micromedex. Disponível em: <http://www.micromedexsolutions.com/micromedex2/librarian>
TOXBASE® . Disponível em: <http://www.toxbase.org>.
OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.
UPTODATE. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/search
Atualizado em: Junho/2016 - Equipe CIT/SC
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