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Plantas com Toxoalbuminas

Descrição e Mecanismo de ação

As toxoalbuminas são proteínas muito tóxicas, com acentuado efeito irritante sobre a mucosa intestinal, além de efeito hemaglutinante.

Toxicidade

'''Intoxicação potencialmente grave por ingestão

'''

A toxicidade depende do tipo e parte da planta, da quantidade ingerida, da sensibilidade individual, da idade (crianças são menos tolerantes), entre outros fatores.

A ingestão de sementes intactas geralmente não causa toxicidade, já a mastigação de sementes tende a ser mais grave

Manifestações Clínicas

As plantas que possuem toxoalbuminas causam principalmente distúrbios gastrintestinais.

As manifestações clínicas dependem em grande parte da via de exposição.

Após a ingestão, a gastroenterite local produz diarreia e dor abdominal. Como o tegumento de muitas sementes que contêm toxoalbumina é duro, a mastigação é geralmente um pré-requisito para a toxicidade.

Os sintomas mais frequentes são: náuseas, vômitos, diarreia, cólicas intestinais intensas, desidratação, hipotensão e acidose metabólica.

Algumas toxinas, como a ricina, a gastrenterite grave poderá levar à perda maciça de fluido e eletrólitos e ao comprometimento gastrintestinal, além de outras manifestações sistêmicas.

Nos casos graves pode ocorrer choque, torpor e coma com depressão respiratória.

Tratamento

  • O tratamento é sintomático e suportivo.
  • Considerar uso de carvão ativado (dose de carvão: 50 g para adultos; 1 g/kg para crianças) se o paciente apresentar dentro de 1 hora após a ingestão de quantidade potencialmente tóxica, desde que seja seguro fazê-lo e as vias aéreas possam ser protegidas.
  • Os casos associados a efeitos gastrointestinais precisam ser avaliados quanto a sinais de desidratação e anormalidades eletrolíticas.
  • Hidratação intravenosa, antieméticos e reposição eletrolítica podem ser necessários em casos graves, principalmente em crianças.
  • A correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e medidas de suporte em casos graves é fundamental para a boa evolução do caso.

Em casos com sintomas moderados e graves, verificar demais sintomas e tratamento de cada planta individualmente no TOXBASE ou livros do CIATox.

Exemplos de Plantas com Toxoalbuminas:

Abrus precatorius (jequiriti, arvoeiro, assacu-mirim, carolida miúda, jefingo, jequirité, juriquiti, olho de pombo, ruti, tento dos mudos, tentos da américa). Família: Fabaceae. Parte tóxica: sementes. Substância ativa: abrina. Fonte: CIATox/SC

Abrus precatorius (jequiriti, arvoeiro, assacu-mirim, carolida miúda, jefingo, jequirité, juriquiti, olho de pombo, ruti, tento dos mudos, tentos da américa). Família: Fabaceae. Parte tóxica: sementes. Substância ativa: abrina. Fonte: CIATox/SC

Ricinus communi (mamona, mamoneiro, carrapateiro, palma cristi, palma-de-cristo). Família: Euphorbiaceae Parte tóxica: sementes. Substância ativa: Ricina e ricinina.Fonte: CIATox/SC

Ricinus communi (mamona, mamoneiro, carrapateiro, palma cristi, palma-de-cristo). Família: Euphorbiaceae Parte tóxica: sementes. Substância ativa: Ricina e ricinina.Fonte: CIATox/SC

Aleurites moluccana (nogueira do iguape, nogueira, nogueira da índia, noz da índia). Família: Euphorbiaceae. Parte tóxica: frutos e sementes. Substância ativa: toxoalbuminas, saponinas e derivados de forbol. Fonte: https://plants.usda.gov/home/plantProfile?symbol=ALMO

Aleurites moluccana (nogueira do iguape, nogueira, nogueira da índia, noz da índia). Família: Euphorbiaceae. Parte tóxica: frutos e sementes. Substância ativa: toxoalbuminas, saponinas e derivados de forbol. Fonte: https://plants.usda.gov/home/plantProfile?symbol=ALMO

Jatropha curcas (pinhão de purga, pinhão de cerca, pinhão bravo, pinhão paraguaio, pinheiro de purga, manduiguaçu, figo do inferno, purgante de cavalo).Família: Euphorbiaceae. Parte tóxica: sementes. Substância ativa: curcina. Fonte: CIATox/SC

Jatropha curcas (pinhão de purga, pinhão de cerca, pinhão bravo, pinhão paraguaio, pinheiro de purga, manduiguaçu, figo do inferno, purgante de cavalo).Família: Euphorbiaceae. Parte tóxica: sementes. Substância ativa: curcina. Fonte: CIATox/SC

Nozes com casca e sem casca de Aleurites moluccana (nogueira do iguape, nogueira, nogueira da índia, noz da índia). Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Candlenuts_%28Aleurites_moluccana%29_shelled_%26_unshelled.jpg

Nozes com casca e sem casca de Aleurites moluccana (nogueira do iguape, nogueira, nogueira da índia, noz da índia). Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Candlenuts_%28Aleurites_moluccana%29_shelled_%26_unshelled.jpg

Atenção: Intoxicação pelo uso da “Noz da Índia”

Têm sido comercializados e divulgados irregularmente com indicações de emagrecimento, produtos denominados “Noz da Índia”. O CIAtox/SC já atendeu alguns casos e em 2018 comunicou a VISA/SC. Desde 2017, por determinação da Anvisa, está proibida, em todo o território nacional, a fabricação, a comercialização, a distribuição e a importação de Noz da Índia (Aleurites moluccanus) e do Chapéu de Napoleão (Thevetia peruviana) como insumos em medicamentos e alimentos e em quaisquer formas de apresentação. A Anvisa tomou como base para a sua decisão as evidências de toxicidade e a ocorrência de três casos de óbitos no Brasil associados ao consumo de “Noz da Índia” (Aleurites moluccanus). Resolução 322 2017 ANVISA Proibição Noz da índia

A decisão da Anvisa também está baseada na Nota Técnica 001/2016 emitida pelo Centro Integrado de Vigilância Toxicológica do Estado do Mato Grosso do Sul (Civitox/CVA/SGVS/SES/MS), sobre casos de intoxicação pelo uso da “Noz da Índia”. Segundo a note técnica, e “em um estudo realizado na Argentina, após a avaliação botânica de todas as espécies que eram divulgadas na internet como “ Noz da Índia” (Aleurites moluccana), descobriu- se que eram na verdade Thevetia peruviana (Nome popular: Chapéu de Napoleão). As sementes dessa planta quando ingeridas, são altamente tóxicas por possuírem grandes concentrações de glicosídeos cardiotônicos, estando proibido o seu uso em diversos países.” Nota-Técnica-CIVITOX-001 2016-Noz-da-India

Referências

  1. Andrade Filho, A.; Campolina, D.; Dias, M. B. Toxicologia na prática clínica. 2° ed. Editora Folium. 2013. 675p.

  2. Ricinus communis - plant. In: TOXBASE. NATIONAL POISONS INFORMATION SERVICE (NPIS). TOXBASE® © Crown copyright 1983-2023. Reino Unido, 2023. Disponível em: https://www.toxbase.org/. Acesso em: 23 Ago. 2023. [acesso restrito].

  3. MATOS, A. F. A. et al. Plantas tóxicas: estudo de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Instituto Plantarum de Estudos da Flora,

  4. 247p.

  5. Nelson LS, Shih RD, Balick MJ (2007) Handbook of poisonous and injurious plants, 2nd edn. Springer, Boston.

  6. North Carolina Extension Gardener Plant Toolbox. Disponível em: https://plants.ces.ncsu.edu/. Acesso em: 21 Ago. 2023.

  7. OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.

  8. SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.de; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. (Orgs.) Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. rev. ampl. Porto Alegre / Florianópolis: Editora da Universidade UFRGS / Editora da UFSC, 2003.

Elaborado por: Marisete Canello Resener

Revisado por: Adriana Mello Barotto, Taciana Mara da Silva Seemann

Registrado por: Marisete Canello Resener

Data: Agosto/2023.