Osteichthyes - Bagre
Classificação
Nome Popular: Bagre, Jundiá, Catfish, Namazu.
Nome Científico: Genidens sp / Squalus sp/Cathorops sp/'' Bagre sp''.
Classe: Osteichthyes
Ordem: Siruliforme
Família: Ariidae
Peixe Bagre - Genidens genidens
Descrição
São peixes sem escamas da ordem Siluriformes, amplamente distribuídos em cursos de água doce e salgada do Brasil. São conhecidos em alguns países como “catfish” por possuírem barbilhões – estruturas sensoriais próximas à mandíbula que lembram bigodes/vibrissas. Os bagres possuem espécies que variam em tamanho (milímetros até cerca de 1,5m) e comportamento. Grande parte apresenta hábitos noturnos, vivendo em águas escuras e pouco profundas. Alimentam-se de outros peixes, artrópodes, vermes.
Dependendo da espécie, podem apresentar*' 1 ferrão dorsal*' ou 2 ferrões laterais - responsáveis pelos acidentes com humanos. O formato serrilhado e fragilidade do ferrão dificulta a retirada do corpo estranho. Os acidentes ocorrem em maior frequência na época do verão e em banhistas, pescadores, pessoas que manipulam o animal.
O veneno permanece ativo mesmo após a morte do animal, por cerca de 24 horas, o que explica grande parte dos acidentes ocorridos em membros inferiores, pelo hábito de desprezarem os animais pequenos na areia e em águas rasas.
Podem ser encontrados em todo o mundo, mas mais de metades das espécies conhecidas são nativas da América do Sul.
Ações do Veneno
O veneno é produzido em glândulas dispersas próximas ao ferrão, com potência variável entre espécies, mas sempre apresenta em sua composição proteínas que provocam intensa dor local – efeito semelhante ao da acetilcolina e prostaglandina. É muito comum o local do acidente evoluir com infecção secundária, principalmente se não for realizada retirada dos fragmentos do ferrão.
Manifestações Clínicas
Manifestações Locais: As manifestações locais são as mais frequentes, bastante proeminentes e imediatas.
Dor intensa, feridas puntiformes ou laceradas, sangramento local, palidez local, eritema, edema, mal estar. Frequentemente evolui com infecção secundária/ abscesso. As bactérias mais frequentemente envolvidas com o desenvolvimento de infecções no meio marinho são de várias espécies do gênero Vibrio, algumas do gênero Alteromonas, Pseudomonas, Erysipelothrix, Mycobacterium, Staphylococcus e Streptococcus. Na água doce, os microorganismos associados a infecções são vários: gênero Aeromonas, Pseudomonas, Clostridium, Bacteroides, Proteus, Klebsiella, E. Coli, Legionella, Salmonella, Staphylococcus, Streptococcus. Complicações:
A) Infecção secundária/ Abscesso;
B) Existe registro de caso humano que evoluiu para óbito pois ferrão atingiu o coração do paciente enquanto puxava rede de pesca, porém é um caso isolado e considerado um evento muito raro.
C) Doença dos limpadores de peixe (Erisipeloide): causada pela Erysipelothrix rhusiopathiae, bastonete gram-positivo que se agrupa em cadeias. É encontrada tanto na água doce quanto na água salgada. Após inoculação, o período de incubação costuma ser de 1 a 5 dias. O quadro clínico é típico, provocando uma área bem demarcada de celulite, mais comum em mãos ou dedos, próximo ao local de inoculação que se espalha em direção à raiz do membro comprometido. Ao contrário da Erisipela, sinais sistêmicos e adenopatia regional são raros. O tratamento é com penicilina, ampicilina ou cefalexina.
Diagnóstico
Não há exames laboratoriais específicos para o diagnóstico do acidente com bagres
O diagnóstico é clínico e através da identificação do animal (em cerca de 10% dos acidentes, o peixe permanece preso ao local do ferimento e precisa ser retirado cirurgicamente).
Tratamento
Não existe soro para este tipo de acidente.
Lavar o local do contato com água e sabão.
Imersão do membro afetado em água quente não escaldante (50º C) por 30-90min.
Explorar o ferimento sob supervisão médica – retirada de fragmentos sob anestesia local.
Profilaxia do tétano conforme necessidade.
Em todos os casos, avaliar antibioticoterapia:
- Cefalexina 500mg 6/6h durante 10 dias, ou
- Amoxicilina + Clavulanato 500+125mg 8/8h durante 10 dias.
Exames/Monitorização
Não há exame específico para o diagnóstico.
Sempre realizar radiografia do local acometido, mesmo que houver relato de retirada do ferrão – é comum sobrarem fragmentos.
Prognóstico
O prognóstico da maior parte dos casos é bom, ocasionalmente podem ocorrer complicações locais como abscessos, infecção secundária.
Referências
HADDAD JUNIOR, Vidal. Animais aquáticos potencialmente perigosos do Brasil: guia médico e biológico. 1ª edição. São Paulo: Roca, 2007. Celenterados. Auxílio ao Atendimento. Monografias CIT/SC, 2008.
BAGRES. Auxílio ao Atendimento. Monografias CIT/SC, 2001.
Elaboração: Equipe CIT/SC
Atualizado em: Setembro 2017.
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