Plantas com Cristais de Oxalato de Cálcio

Descrição e Mecanismo de ação

Neste grupo estão as plantas que causam a maioria dos acidentes, principalmente em crianças, pois são muito utilizadas em ambientes domésticos ou escolares.

A maioria dessas plantas são da família Araceae.

Apresentam cristais insolúveis ou ráfides de oxalato de cálcio, que são micro agulhas distribuídas por quase toda a planta.

Por ação mecânica (mastigação, manipulação), ocorre a liberação dos cristais de oxalato de cálcio que penetram nas membranas mucosas e induzem a liberação de histamina e outros mediadores inflamatórios, provocando dor e edema. 

Toxicidade

A exposição a plantas contendo oxalato de cálcio é comum, mas a maioria das exposições são casos leves. Crianças ou adultos que mastigaram ou ingeriram acidentalmente pequenas quantidades da planta, se assintomáticas ou apenas com sintomas leves e limitados, orientar o tratamento inicial e aconselhar a procurar atendimento médico se os sintomas persistirem. Crianças e adultos que ingeriram grandes quantidades, ou com sintomas mais intensos, orientar o tratamento inicial e aconselhar a procurar atendimento médico. Todos os pacientes que ingeriram intencionalmente devem ser encaminhados para avaliação médica. '''O principal risco é edema de glote e asfixia

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Manifestações Clínicas e Tratamento:

Via da Exposição	Manifestações Clínicas	Tratamento	Observação
INGESTÃO	Após a mastigação ou ingestão há início rápido de dor orofaríngea local, o que normalmente limita a exposição contínua. Além de dor, pode ocorrer edema de lábios, da língua, da mucosa oral e laringe. Pode ocorrer salivação, disfagia/odinofagia, afonia, dispneia por edema de glote e distúrbios gastrointestinais, como cólicas, náuseas e vômitos. Casos graves, que são raros, podem evoluir para insuficiência respiratória aguda e asfixia, por edema e obstrução de vias aéreas superiores e outras manifestações sistêmicas.	Não fazer lavagem gástrica, não usar carvão ativado e não induzir vômitos. Remover manualmente o resto da planta da mucosa oral. Crianças maiores ou adultos podem fazer bochechos para descontaminar a mucosa oral. Oferecer líquidos frios ou demulcentes (cremes, gelatinas, leite, sorvete), em pequenas quantidades para não induzir vômitos. Se necessário, utilizar sintomáticos para alívio da dor e edema: analgésicos, antihistamínicos e/ou corticoides. Casos graves: A avaliação e o manejo das vias aéreas são da mais alta prioridade após a ingestão de grandes quantidades. Em casos de edema de glote administrar corticosteróides e medidas de suporte.	Manter em observação por 4 a 6 horas. Casos graves, de ingestão de grandes quantidades, consultar monografia específica no Toxbase e/ou livros.
CUTÂNEA	A exposição cutânea se apresenta como uma dermatite de contato, com dor, prurido e irritação local.	Lavar a pele com água corrente sem esfregar. Tratamento sintomático.
OCULAR	O contato com os olhos pode causar dor, irritação, fotofobia, lacrimejamento, com inflamação da córnea e conjuntiva.	Lavar imediatamente os olhos com água ou soro fisiológico com abundância, durante 20-30 minutos, sempre da porção nasal para a lateral, evitando o acometimento do outro olho. Se os sintomas persistirem, encaminhar o paciente para avaliação oftalmológica.

Exemplos de Plantas com Cristais de Oxalato de Cálcio:

Dieffenbachia spp (Comigo-ninguém-pode, aningá-do-pará). Família: Araceae. Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Observação:Responsável pela maioria dos casos. Fonte: CIATox/SC

Monstera spp (costela de adão, banana de macaco, imbé, dragão fedorento). Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Alocasia spp (alocasia, pulmão de aço, inhame negro, inhame bravo, inhame chinês). Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Philodendron spp (cipó-imbé, filodendro, imbé, banana de macaco).Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Anthurium spp (antúrio, flor-de-flamingo, lírio-de-flamingo, rabo-de-porco).Família: Araceae. Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Schefflera spp(cheflera). Família: Araliaceae.Parte tóxica: Principalmente as folhas. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Begonia spp (begonia, azedinha do brejo). Família: Begoniaceae.Parte tóxica: O oxalato de cálcio está presente nas folhas e caules, e é particularmente condensado em tubérculos e rizomas. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Spathiphyllum spp (lírio da paz). Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Caladium spp (tinhorão, taiá, tajá, caládio). Família: Araceae. Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Colocasia spp (taioba-brava, taioba, taió, tajá, inhame). Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Syngonium spp (singonio, pé-de-galinha). Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Epipremnum spp (jibóia).Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Zamioculca zamiifolia (zamioculca). Família: Araceae.Parte tóxica: Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Zantedeschia spp (copo-de-leite, copo-de-leite amarelo). Família: Araceae.Parte tóxica:Todas as partes da planta. Substância ativa: oxalato de cálcio. Fonte: CIATox/SC

Referências

1. Andrade Filho, A.; Campolina, D.; Dias, M. B. Toxicologia na prática clínica. 2° ed. Editora Folium. 2013. 675p.

2. Dieffenbachia. In: NATIONAL POISONS INFORMATION SERVICE (NPIS). TOXBASE® © Crown copyright 1983-2023. Reino Unido, 2023. Disponível em: https://www.toxbase.org/. Acesso em: 23 Ago. 2023. [acesso restrito].

3. MATOS, A. F. A. et al. Plantas tóxicas: estudo de fitotoxicologia química de plantas brasileiras. Instituto Plantarum de Estudos da Flora,

4. 247p.

5. Nelson LS, Shih RD, Balick MJ (2007) Handbook of poisonous and injurious plants, 2nd edn. Springer, Boston.

6. North Carolina Extension Gardener Plant Toolbox. Disponível em: https://plants.ces.ncsu.edu/. Acesso em: 21 Ago. 2023.

7. OLSON, K.R. Manual de toxicologia clínica. 6ª edição. Editora Artmed. Porto Alegre, 2014.

8. SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.de; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. (Orgs.) Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. rev. ampl. Porto Alegre / Florianópolis: Editora da Universidade UFRGS / Editora da UFSC, 2003.

Elaborado por: Marisete Canello Resener Revisado por: Adriana Mello Barotto, Taciana Mara da Silva Seemann Registrado por: Marisete Canello Resener Data: Agosto/2023.