Loxosceles - Aranha marrom
ClassificaçãoClassificação
Nome Popular: Aranha marrom
Nome Científico:Científico: Loxosceles sp. VáriasVárias sãosão as espéciesespécies descritas para o Brasil. As principais causadoras de acidentes são:são: Loxosceles intermedia (predomina nos estados do sul do país)país) Loxosceles laeta (ocorre em focos isolados em váriasvárias regiõesregiões do país,país, principalmente no estado de Santa Catarina) e Loxosceles gaucho (predomina no estado de SãoSão Paulo).
Ordem: Sicariidae
Família:Família: Araneae
Loxosceles sp
Loxosceles olhos
DescriçãoDescrição
Aranha pequena, medindo aproximadamente 1 cm de corpo e 3 cm de envergadura de pernas, o tamanho das pernas éé quase trêstrês vezes o tamanho do corpo. Cor variando em tons de marrom variado, do marrom pálidopálido (L. laeta) a uma tonalidade de chocolate escuro (L. gaucho). SãoSão sedentáriassedentárias e noturnas, fazem teias com aparênciaaparência de algodãoalgodão esfiapado, onde capturam insetos. Vivem em lugares escuros quentes e secos. Dentro das residênciasresidências sãosão encontradas escondidas em roupas de vestir, deixadas no chãochão pendurada em cabides de parede toalhas e roupas de cama, atrásatrás de quadros, armários,armários, caixas de papelãopapelão empilhados e outros objetos que sãosão pouco remexidos e empoeirados, como em paióis,paióis, ranchos, galpõesgalpões e depósitos.depósitos. Em ambiente externo sob as cascas nos troncos das árvores,árvores, entulhos de pedras, telhas, tijolos, madeira entre outros. Examinadas com lupa apresentam seis olhos, que brilham como pérolas,pérolas, distribuídosdistribuídos em forma de meia-lua.
AçõesAções do Veneno
Todos os pacientes picados ou com sintomas sugestivos de picada por Aranha marrom devem ser encaminhados para A picada geralmente Normalmente |
O componente mais importante do veneno loxoscélicoloxoscélico éé a enzima esfingomielinase-D que, por açãoação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células,células, principalmente do endotélioendotélio vascular e hemácias.hemácias. Em virtude desta ação,ação, sãosão ativadas as cascatas do sistema complemento, da coagulaçãocoagulação e das plaquetas, desencadeando intenso processo inflamatórioinflamatório no local da picada, acompanhado de obstruçãoobstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose focal. A ativaçãoativação desses sistemas participa tambémtambém da patogênesepatogênese da hemólisehemólise intravascular observada nas formas mais graves de envenenamento.
O acidente por Loxosceles pode desencadear no paciente apenas um quadro cutâneocutâneo (com ou sem necrose) ou um quadro visceral (hemólisehemólise maciça)maciça), ou ainda um quadro cutâneo-cutâneo-visceral. Em SC foram identificadas duas espécies,espécies, a Loxosceles intermedia e a Loxosceles laeta. L. laeta encontra-se mais na regiãoregião sul e a L. intermédiaintermédia encontra-se mais nas regiõesregiões nordeste, norte e do meio ao extremo oeste de Santa Catarina. O envenenamento mais grave parece acontecer nos acidentes por L. laeta.
ManifestaçõesManifestações ClínicasClínicas
A picada geralmente nãonão éé valorizada pelo paciente, pois éé pouco dolorosa e pode passar despercebida. Procuram atendimento quando surgem sintomas, geralmente acima de 6 horas da picada. Raramente a aranha éé capturada para identificação,identificação, assim, o diagnósticodiagnóstico éé realizado na maioria das vezes com base nas característicascaracterísticas clínico-epidemiológicasclínico-epidemiológicas dos acidentes.
FORMA CUTÂNEACUTÂNEA: A instalaçãoinstalação éé lenta e progressiva caracterizada por dor, edema endurado e eritema no local da picada. Estes sintomas locais evoluem nas primeiras 24 horas podendo variar sua apresentação,apresentação, desde:
LesãoLesão incaracterística:incaracterística: Apenas bolha de conteúdoconteúdo seroso, edema discreto, eritema, prurido, calor, rubor, com ou sem dor em queimação.queimação.
LesãoLesão provávelprovável ou sugestiva: Dor em queimaçãoqueimação de inícioinício precoce, edema endurado, eritema, bolha e equimose.
LesãoLesão característica:característica: Dor em queimação,queimação, edema endurado, eritema, lesõeslesões hemorrágicashemorrágicas focais (equimóticas/violáceas)equimóticas/violáceas) mescladas com áreasáreas pálidaspálidas de isquemia (placa marmórea)marmórea). Necrose de grau variávelvariável ou bolha serosanguinolento ou hemorrágica.hemorrágica. Aos poucos a necrose toma conta da áreaárea e a evoluçãoevolução pode resultar em uma cicatriz deprimida, àsàs vezes retrátil,retrátil, de difícildifícil cicatrizaçãocicatrização (em torno de 4 semanas).
Forma edematosa: Picadas em tecido frouxo, como a face, apresentam edema exuberante e geralmente nãonão evoluem para necrose.
Observações:Observações: A forma cutâneacutânea representa a maioria dos casos. Pode vir acompanhada de alteraçõesalterações do estado geral como febre nas primeiras 24 horas, náuseas,náuseas, vômitos,vômitos, cefaléia,cefaléia, exantema morbiliforme, prurido generalizado, manifestaçõesmanifestações de mal estar.
FORMA CUTÂNEA-HEMOLÍTICACUTÂNEA-HEMOLÍTICA (CUTÂNEA-CUTÂNEA-VISCERAL):
- Forma mais grave do loxoscelismo, ocorrendo com maior
frequênciafrequência nasregiõesregiões compredomíniopredomínio daespécieespécie Loxosceles laeta, como no estado de Santa Catarina. HemóliseHemólise intravascularmaciça:maciça: Asmanifestaçõesmanifestaçõesclínicasclínicas (anemia,icteríciaicterícia ehemoglobinúria)hemoglobinúria) se instalam geralmente nas primeiras 24 horaspóspós - picada. Os casos graves podem evoluir parainsuficiênciainsuficiência renal aguda, de etiologia multifatorial (diminuiçãodiminuição daperfusãoperfusão renal,hemoglobinúriahemoglobinúria e CIVD) principal causa deóbitoóbito no loxoscelismo. Pode apresentartambémtambém hepatomegalia, trombocitopenia, CIVD, leucocitose com elevada neutrofilia,oligúria,oligúria,anúria.anúria.- Pode vir acompanhada de
alteraçõesalterações do estado geral como febre nas primeiras 24 horas, exantema morbiliforme, prurido generalizado,manifestaçõesmanifestações de mal estar, mais raramentenáuseas,náuseas,vômitos,vômitos,diarréia,diarréia,sonolênciasonolência irritabilidade eatéaté coma. - A severidade da
reaçãoreaçãosistêmicasistêmica (visceral)nãonão temrelaçãorelação com a severidade do quadro local.
Tratamento
O tratamento seráserá realizado conforme a classificaçãoclassificação da gravidade do caso - Leve, Moderado, Grave CutâneoCutâneo ou Grave Cutâneo-HemolíticoCutâneo-Hemolítico - e deve considerar o períodoperíodo de evoluçãoevolução das lesõeslesões e das manifestaçõesmanifestações sistêmicas.sistêmicas.
IMPORTANTE: Sempre solicitar o encaminhamento de imagens da lesãolesão com réguarégua ou outro referencial de medida (como palito de fósforo,fósforo, caneta) ao lado da lesão,lesão, e uma foto panorâmica,panorâmica, via aplicativo WhatsApp (48)99122-1868 ou email (ciatoxsc.hu@contato.ufsc.br)WhatsApp.
Quadro 1: ClassificaçãoClassificação quanto àà gravidade, manifestaçõesmanifestações clínicasclínicas e as medidas terapêuticasterapêuticas recomendadas:
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Tratamento |
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*O SALox |
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*O SALox |
1. Geral/Sintomáticos:Sintomáticos:
Corticosteróides:Corticosteróides: A prednisonaéé o medicamento de escolha, na dose de 40mg/dia em adultos e 0,5-1mg/kg/dia emcriançascrianças (máximomáximo de 40mg/dia), por via oral, duranteperíodosperíodos de 5 a 7 dias conforme aclassificaçãoclassificação de gravidade do caso. Essa dose deve ser fracionada a cada 12 horas.
Analgésico:Analgésico: Dipirona ou paracetamol para dor leve. Em alguns casos a dor pode ser muito importante, sendo indicado o uso de medicamentos como aassociaçãoassociação paracetamol-codeína.codeína.
Antibiótico:Antibiótico: Apenas em caso deinfecçãoinfecçãosecundária.secundária. Administrar visandoàà cobertura depatógenospatógenos da pele, por exemplo, cefalexina VO ou cefalotina EV.
Hidratação:Hidratação: Pacientes com a formacutâneo-hemolíticacutâneo-hemolítica devem ser mantidos com boahidratação,hidratação, tendo como objetivo uma adequadaperfusãoperfusão renal, a fim de prevenir a necrose tubular aguda.
- Tratamento da
lesãolesãodermonecrótica:dermonecrótica:AplicaçãoAplicação de compressas frias auxiliam noalívioalívio da dor local.- Limpeza
periódicaperiódica dalesão,lesão, visando prevenir ainfecçãoinfecçãosecundária.secundária. - O desbridamento do tecido necrosado deve ser realizado apenas quando houver a
delimitaçãodelimitação daáreaárea de necrose, que ocorre geralmenteapósapós a segunda semana. Emsituaçõessituações onde haja perda tecidual importante, avaliar a necessidade de enxerto oucorreçãocorreção de cicatrizes.
2. Específico:Específico: A soroterapia antiveneno estáestá indicada nos casos Grave-CutâneoCutâneo em atéaté 36h apósapós o acidente ou Grave Cutâneo-HemolíticoCutâneo-Hemolítico em qualquer momento. Pode ser utilizado o Soro AntiloxoscélicoAntiloxoscélico (SALox), ou na falta deste o Soro antiaracnídicoantiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus) (SAAr). *O SALox nãonão tem em estoque, pois o laboratóriolaboratório produtor o CPPI /PRPR, , estáestá em reforma, e nãonão tem previsãoprevisão para o retorno das suas atividade. Utilizar o SAAr.
SOROTERAPIA: As ampolas do *'Soro antiaracnídicoantiaracnídico (*Loxosceles e Phoneutria'')Phoneutria) devem ser diluídasdiluídas em 100 ml a 200 ml de SF ou SG5%, para administrar-se por via endovenosa (EV), em 30 minutos, sendo o paciente monitorado pela equipe médicamédica e/ou da enfermagem durante este procedimento.
MEDICAÇÃOMEDICAÇÃO PRÉVIA:PRÉVIA: Fazer 15 minutos antes da soroterapia:
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- Anti-H1: Difenidramina 1 mg/Kg EV (
máxmáx 50 mg). Na indisponibilidade da Difenidramina, utilizar um anti-histamínicohistamínico VO (como a Dexclorfeniramina ou a Loratadina). - Corticóide: Hidrocortisona 10 mg/Kg EV (
máxmáx 500 mg).
::*Corticóide:
Observação:Observação:
:*
- Gestantes, mulheres amamentando e
criançascrianças podem receber a soroterapiaespecíficaespecífica normalmente, nas mesmas doses indicadas.
Exames/MonitorizaçãoMonitorização
NãoNão existe um exame específicoespecífico para diagnóstico.diagnóstico. Porém,Porém, alguns exames laboratoriais ajudam a avaliar a presençapresença de alteraçõesalterações hemolíticas.hemolíticas.
SãoSão solicitados para descartar o caso Cutâneo-hemolítico:Cutâneo-hemolítico:
- Hemograma com contagem de
reticulócitos:reticulócitos: observa-sediminuiçãodiminuição dohematócritohematócrito e da hemoglobina, leucocitose e aumento dosreticulócitos,reticulócitos, - Parcial de urina: o mais comum
ééhemoglobinúria,hemoglobinúria,hematúriahematúria eproteinúriaproteinúria em casos de IRA. - Bilirrubinas: aumento da bilirrubina indireta.
Para pacientes que chegam com menos de 6 horas, solicitar exames na sexta hora e repetir entre 18 e 24 horas do acidente. Na Na Para pacientes que chegam |
Nos casos de pacientes que apresentam hemólise,hemólise, importante avaliar a funçãofunção renal (uréiauréia e creatinina, Na, K), CoagulaçãoCoagulação sanguíneasanguínea (TP/TAP, TTPA, KPTT), Plaquetas, FunçãoFunção hepáticahepática (TGO, TGP) e bilirrubina (hiperbilirrubinemia indireta).
PrognósticoPrognóstico
O prognóstico,prognóstico, na maioria dos casos, éé bom. Pode demorar meses para a cicatrizaçãocicatrização completa em casos de lesõeslesões necróticasnecróticas extensas e profundas (as lesõeslesões mais graves costumam ocorrer em áreasáreas do corpo com maior camada de hipoderme e em pacientes do sexo feminino)
ReaçãoReação ao Soro
A soroterapia antiveneno nãonão éé um procedimento isento de riscos, havendo possibilidade do aparecimento de reações,reações, que podem ser classificadas em precoces e tardias:
REAÇÕESREAÇÕES PRECOCES: A maioria ocorre durante ainfusãoinfusão do antiveneno e nas duas horas subsequentes. Geralmente leves, mas devem ser mantidos emobservação,observação, nomínimomínimo por 24 horas, paradetecçãodetecção de outrasreaçõesreações que possam ser relacionadasàà soroterapia. Os sinais e sintomas mais frequentessão:são:urticária,urticária, tremores, tosse,náuseas,náuseas, dor abdominal, prurido e rubor facial. Raramente graves, semelhantes areaçãoreaçãoanafiláticaanafilática ouanafilactóide.anafilactóide. Nestes casos, os pacientes podem apresentar arritmiascardíacas,cardíacas,hipotensãohipotensão arterial, choque e/ou quadro obstrutivo de viasrespiratórias.respiratórias. Napresençapresença dereaçõesreações devem ser tomadas as seguintes medidas: suspender temporariamente ainfusãoinfusão do soro antiveneno e tratar asreações.reações. Uma vez controlada areaçãoreação ao soro, a soroterapia antiveneno deve ser reiniciada. O soro pode serdiluídodiluído em SF ou soro glicosado a 5 %, numarazãorazão de 1:2 a 1:5 e infundido mais lentamente.
REAÇÕESREAÇÕES TARDIAS:TambémTambém conhecida comoDoençaDoença do Soro. Pode ocorrer entre 5 a 24 diasapósapós aadministraçãoadministração do soro antiveneno. Os pacientes podem apresentar febre, artralgia, linfoadenomegalia,urticáriaurticária eproteinúria.proteinúria. Tratamento recomendado comcorticosteróide:corticosteróide: Prednisona, dose: 1mg/kg dia (máximomáximo de 60 mg) por 5 a 7 dias.
Entregar a "Carta de ReaçãoReação Tardia ao Soro" para todos os pacientes que receberam soro antiveneno:
Carta de ReaçãoReação Tardia ao Soro
Fluxograma
DiagnósticoDiagnóstico Diferencial
Dependendo da fase evolutiva da lesão,lesão, algumas afecçõesafecções dermatológicasdermatológicas como picadas de inseto, dermatite alérgica,alérgica, abscesso cutâneo,cutâneo, lesõeslesões herpéticas,herpéticas, ectima gangrenoso, fasciítefasciíte necrosante, leishmaniose cutânea,cutânea, pioderma gangrenoso, fase inicial da DoençaDoença de Lyme (borreliose), e fitofotodermatose, entre outras.
ReferênciasReferências
BRASIL. Manual de diagnósticodiagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos.peçonhentos. 2ª2ª ed. - Brasília:Brasília: FundaçãoFundação Nacional de Saúde,Saúde, 2001. 120.Manual de DiagnósticoDiagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais PeçonhentosPeçonhentos - 2001
CARDOSO, J.L.C. et al. Animais PeçonhentosPeçonhentos no Brasil: biologia, clínicaclínica e terapêuticaterapêutica dos acidentes. 2ª2ª Edição.Edição. SãoSão Paulo: Sarvier, 2009
Protocolo clínicoclínico para acidente por aranha do gênerogênero Loxosceles - ““Aranha Marrom”Marrom”. DisponívelDisponível em:http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-svs/10400-animais-peconhentos-utilizacao-racional-de-anivenenos. Acesso em: 06 de agosto de 2016.
Loxosceles. AuxílioAuxílio ao Atendimento. Monografias CIT/SC, 2016.
Elaboração:Elaboração: Equipe CIT/SC
Atualizado em: Dezembro de 2016.